quarta-feira, 19 de maio de 2010

PELEGO

Escrito por Izaías de Oliveira
Dom, 09 de Maio de 2010 21:43

http://apeoespalternativa-litsul.pro.br/index.php/editorial/politica/51-pelego

Durante a greve dos professores, ouvimos muito os termos peleguismo, pelegada, pelego. Afinal, o que vem a ser na realidade esse personagem infelizmente presente em quase todos os movimentos grevistas?

Façamos um breve resumo das "qualidades" dessas tristes figuras.

Originalmente o termo "pelego" significa uma pele de carneiro utilizada nos arreios de animais, à maneira de um xairel: manta colocada no lombo de uma montaria, sobre a qual se põe a sela.

A criatividade popular, contudo, enriqueceu o nosso vocabulário; assim, passou-se a empregar a palavra "pelego" para designar indivíduos que se infiltram nos sindicatos, assumem cargos e fazem o execrável papel de duplo agente: aparentemente defendem a categoria à qual pertencem; por outro lado, "na surdina", trabalham em defesa dos interesses próprios e dos patrões ou de administradores públicos, sempre esperando algum privilégio, ou mesmo são pagos para "pelegar"(bônus, promoção por mérito, licença prêmio, etc).

O pelego é, portanto, uma figura abominável.

Além do indivíduo que faz conscientemente o desprezível papel de pelego, existem casos em que alguém pode estar "pelegando" sem se dar conta do alcance moral sobre aquilo que está praticando. Seria este uma espécie de "inocente útil"?

Mas como se pode definir esse professor que tendo em determinado momento se colocado à disposição da categoria elegendo-se Conselheiro(a), se acovarda, que aceita tudo o que o Governo quer, sem questionar? Que se esconde atrás daqueles que lutam, aproveitando da peleja alheia. Pelego é aquele Conselheiro que não sabe o significado das palavras solidariedade e responsabilidade, o egoísta que não consegue ver nada além de suas próprias e momentâneas necessidades; é aquele Conselheiro que, terminada a greve, não consegue olhar nos olhos de seus companheiros, porque sabe que deixou de cumprir além da sua responsabilidade como representante sindical, uma parte essencial de todo ser humano solidário e cidadão: o brio, a coragem, o amor próprio, a nobreza, enfim.

Não há nada que pague a dignidade, o fato de se olhar no espelho e ver uma pessoa cidadã, solidária, de luta, consciente do dever cumprido, modelo para o filho, alegria dos amigos, orgulho da companheira(o) e, principalmente, dos alunos e da comunidade a qual representa.

Mas pelego é também aquele professor que se deixou enganar pela falácia do Governo; que não conseguiu reagir frente às humilhações; é quem não lutou pelos seus direitos, por medo das conseqüências; ou aquele que se escondeu atrás de desculpas esfarrapadas para justificar a própria covardia.

Última atualização em Qua, 19 de Maio de 2010 00:09