Hélder
dos Santos de Oliveira
Certo dia, andando pelas
ruas do Centro da cidade de São Paulo, vi uma criança de cerca de sete anos com
um saquinho na mão, cheirando cola de sapateiro. Observei as pessoas que
passavam com aquele andar apressado, sem mesmo notar o estado do menino. Aos
que notavam, um olhar de indiferença.
De tão drogado, caiu ao
chão, onde pude retirar o saquinho de sua mão e dispensar em uma lata de lixo.
Nem mesmo os policiais que estavam por perto foram acudir o garoto, sendo este
carregado por outros meninos de rua.
Deixo algumas reflexões:
esta criança é vítima ou não? É culpada por morar nas ruas e usar drogas? De
quem é a culpa? Da família, da escola, da sociedade, do Estado? Reduzir a
maioridade penal resolveria o problema que ela enfrenta?
Sofrendo todo tipo de
violência, sendo dependente químico desde muito cedo, sem nenhum tipo de
orientação ou afeto, o que esperar desta na juventude e na fase adulta? Com a
revolta , a miséria e a falta de oportunidades, a probabilidade de se tornar um
delinqüente é bem maior do que se tornar um trabalhador.
Novamente pergunto para
refletirmos: reduzir a maioridade penal faria com esta não entrasse no crime e
nas drogas? Por isso, sou a favor de políticas públicas que atendam as
necessidades básicas das crianças, adolescentes e jovens.
O problema da violência não está na juventude, mas sim na falta de compromisso político com a população pobre, historicamente desfavorecida. É injusto culpar a juventude, enquanto muitos políticos se enriquecem, desviando o dinheiro público que poderia ser usado para proporcionar qualidade de vida à população.
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